Precisamos falar sobre o Kevin - Lionel Shriver

Quando dei com esse livro pela primeira vez, pensei: eu tenho que ler isso. Quebrei esse tal clichê de não julgar livros pela capa. Preta e branca, com um menino sozinho no meio de uma estrada vestindo uma cabeça de um bicho com cara de poucos amigos. Sombrio. Intimidante. Bem o meu gênero preferido de literatura (e de cinema, e de qualquer coisa). Só podia ter uma boa história ali por trás.

Quem é Kevin Khatchadourian? Para o mundo, um garoto de 16 anos que cometeu assassinato em massa em sua escola, liquidando nove colegas, uma professora e um funcionário da cantina. Um psicopata juvenil, um doente, provavelmente negligenciado pela família. Enquanto todos se perguntam POR QUÊ?, sua mãe, Eva, reconstrói através de cartas ao ex-marido uma história que começa antes do nascimento de um pequeno monstro. Em Precisamos falar sobre o Kevin, somos apresentados a um bebê inquieto, uma criança apática e agressiva que deixa rastros de índole duvidosa até atingir a adolescência.

Com certeza, o livro mais intenso, sincero e pesado que já li até agora. Narrativas amarradas, envolventes e personagens muito bem construídos. Tão bem que, mesmo agora, eu não saberia definir quem é Kevin e o que exatamente se passava em sua cabeça. Só sei que me gerou uma boa reflexão sobre ter filhos. Taí outro clichê quebrado: o da maternidade e amor incondicional de uma mãe que não sentiu nenhuma emoção no momento do parto.

Não tem como esquecer certas cenas. Não tem como esquecer a honestidade rasgante de Eva, e da própria autora – Lionel Shriver. Muito menos o final genial e maravilhoso.

Se eu pudesse, daria 6 estrelas.

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